Não há como tentar explicar o quanto alguém é capaz de necessitar de alguém. Não tem como explicar como ele precisava dela. Por mais que as lembranças não o atacassem o tempo todo, ele sabia que precisava dela de forma absurda. Não era simplesmente vontade de vê-la. Era como se faltasse algo dentro dele, como se uma parte dele tivesse sido arrancada de forma irreversível. E ele não sabia como lidar com isso. Ela era sim, uma menina linda, mas não era só isso. A forma como eles foram se envolvendo sem perceber, como ele não foi capaz de evitar que a grande amizade que ele sentia por ela, o carinho de irmão que ele pensava ter por ela se transformou em amor. Claro que no inicio não era nada disso, era mais atração, muito devido ao fato dela ter atributos muito bons para sua tenra idade (14 anos), idade essa que talvez evitasse que ela fosse capaz de realmente investir em um possível relacionamento com ele. Queria ele poder evitar que isso. Mas já era completamente irreversível. Alem de tudo, ele precisava lidar com seus melhores amigos dizendo que ela não merecia aquilo, que ele deveria esquecê-la, que não podia continuar sofrendo por ela. Era extremamente difícil conviver com as varias criticas de sua melhor amiga e de sua mãe a sua ligação com ela. Mas não era isso o mais difícil. Por mais inumanamente impossível que isso pareça, era ainda mais complicado imaginar sua vida sem ela. Pra ele não importava realmente o que ele faria, mas sabia que seria capaz de praticamente qualquer coisa por ela. Era difícil lidar com isso, mas ela sabia que seria capaz de sobreviver de qualquer jeito, por mais que fosse complicadíssimo ficar longe dela, ele teria que aprender a lidar com tudo aquilo. Ele ficaria na cidade, perto dela por apenas mais um ano, era sua ultima chance de fazer tudo valer a pena ou se perder de vez, não que ele quisesse perder a amizade dela, muito pelo contrario, era isso que o mantinha vivo as vezes como ocorrera quando tudo parecia dar errado pra ele e só ela era capaz de anima-lo, mas ele também sabia que era seu ultimo ano, então, se ela não fosse capaz de conquista-la, então seria a hora de deixa-la de lado, de tentar aproveitar sua vida ao lado de outra menina.
O que parecia doer mais, na verdade, era ouvir ela chama-lo de irmão. Ele talvez nunca tivesse imaginado o quanto uma palavra pode machucar tanto. Talvez não tenha sido tanto o não que o magoou mais, mas sim as constantes vezes que ela o chamou de irmão, isso sim magoava, ele queria sim, saber como lidar com isso, mas não parecia ser tão simples quanto ele imaginara no primeiro instante. Ele a amava, isto estava claro, mas não era só isso. Se fosse seria mais fácil tomar uma decisão minimamente racional, mas não era exatamente isso que ele vinha fazendo. Exatamente o contrario. Movido tanto pelo amor que ele nutria por ela a algum tempo, quanto pelo desejo imenso de cuidar dela. Por mais durona que ela tentasse se mostrar, ele sabia que não era daquele jeito, ele sabia que ela precisava de alguém que se preocupasse com ela, que tomasse conta, que a protegesse, e ele, por mais que não passasse de um irmão pra ela, queria fazer isso.
Era irracional. Ele sabia muito bem disso, mas já desistira de procurar qualquer lógica no que havia entre os dois, parecia coisa de livro ou filme. Ele sabia que já havia lido algo como aquilo em algum livro, algo como um amigo extremamente dedicado que acabava se apaixonando, e que por mais que tentasse se afastar, ela não deixava, ela também precisava dele, não da mesma forma que ele, mas ele era um porto seguro, a pessoa em quem ela se agarraria caso precisasse. Por mais irracional que pareça, ele se satisfazia com aquilo. Era incoerente, era loucura tentar viver daquele jeito, mas ele nunca disse que gostava de lógica ou que não era maluco, ele sabia que a racionalidade o abandonara a muito, desde que ele resolvera se envolver mesmo com ela.
Ele era um gênio. O garoto escrevia como poucos que conhecera realmente, assim como conhecia poucos capazes de cuidar tão bem de seus amigos quanto ele, de transforma-los em casais. Mas ele nunca fizera nada para ele. Sua vida se resumira por tempo demais aquilo, e ele não sabia mais como evitar. Por mais irônico que pareça, ela que fora por algum tempo a responsável pelas dores que afligiram o coração do pobre rapaz, agora, ela era uma das poucas, se não a única, capaz de trazer paz para ele, e isso era bom, era o que ele pensava, poderia ser loucura, suicídio, insanidade, mas ele estava decidido a bater de frente com quem fosse necessário para poder ficar ao lado dela, mesmo que para isso tivesse que bater de frente como a menina que ele realmente considerava e tratava como sua irmã, aquela que ele simplesmente tratava como sua melhor amiga, isso ele sabia que era insanidade, colocar em risco uma amizade tão bela, um amor tão puro, como aquele ele tinha por sua “irmã” simplesmente pra poder ficar ao lado de sua amada, se Romeu e Julieta enfrentaram suas famílias, porque ele também não podia. Não. Isso era insanidade. Especialmente porque ela não compartilhava seus sentimentos, se pelo menos houvesse alguma chance deles ficarem juntos... Mas não havia. Era ilusão pensar daquele jeito. Mesmo que ela as vezes tivesse pequenas crises de ciúmes, que ele considerava particularmente fofas, isso não queria dizer praticamente nada, ele sabia que ela era ciumenta, especialmente com os amigos que ela amava, até por isso era tão difícil pra ele viver daquele jeito. Mas era estranhamente encantador, sedutor, atraente. Era um risco que ele se mostrara particularmente interessado em correr, não importava mais muita coisa se ela não estivesse por perto. Ele sabia que aquilo era errado, mas não podia fazer nada. Definitivamente nada. A não ser a insanidade de lutar contra o que ele sentia. Normalmente era o que parecia mais certo, mas não o melhor. Era confuso, seus próprios desejos eram confusos. Ele queria mais do que tudo vê-la bem, não importava a que custo, ele realmente não parecia interessado em medir esforços pra faze-la se sentir bem, ele realmente não mediria. Era insanidade, ele sabia, mas uma insanidade deliciosamente tentadora.
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